sábado, 3 de março de 2012

goticos part 3

O uso do termo "gótico" na História

Desde a década de 90 a sub-cultura gótica começou a sofrer de algumas distorções por parte de enganos frequentes como o de que o termo "gótico" sempre esteve ligado através da história, e portanto, os góticos de hoje seriam legítimos descendentes dos godos.
As catedrais da baixa Idade Média, de arquitetura Gótica, começaram a ser construídas no século XI na França, sem nem sequer receber esse nome na época.
Séculos depois, na Renascença, os iluministas, que se opunham ao pensamento Medieval, as chamaram pejorativamente de Góticas, em alusão aos Godos, como sinônimos de barbaros. Na época de sua construção eram chamadas "opus francigenarum" ou seja, arte francesa. Quanto aos bárbaros "Godos", que invadiram o império romano, foi um acontecimento dado por volta do século V d.C., logo se vê então que são mais de cinco séculos de diferença histórico-cultural, o que já havia feito uma diluição da cultura dos godos na Europa.
Do marco da construção das catedrais góticas (Do século XI até XIV) até a época em que surgiu um movimento literário chamado novela gótica e outro chamado romantismo (Século XVIII para XIX) já haviam se passado mais outros tantos séculos de diferença cultural e, portanto, a imagem de Gótico foi estabelecida como sombrio, fantasmagórico e misterioso, em um revivalismo da Idade Média.
O que era um nome pejorativo passou a ser um nome designador de uma estética "Cool". Terminamos assim de falar do sentido da palavra através do tempo sem ligá-la totalmente à cultura e mostrar que até esse ponto, os góticos da subcultura iniciada na década de 80 não são descendentes dos Godoss dos séculos passados de forma alguma, pois nem sequer tiveram alguma ligação através de suas épocas.
A ligação dos góticos contemporâneos com os antigos movimentos artísticos assim intitulados, está nas músicas, na literatura e na estética de forma indireta.
A sub-cultura gótica não possui literatura própria, embora existam livros que catalogam bandas dentro de sub-gêneros da música gótica como obras do autor Britânico Mick Mercer, contexto histórico como "Goth Chic" (basicamente uma enciclopédia do termo "gótico") deGavin Baddeley, livros que falem sobre estética/comportamento como o "Gothic charm School" da autora Americana Jillian Venters, ou como prefere ser chamada: "Lady of the Good Manners" (como tradução: "Senhora das boas maneiras"), e livros que tratem de comportamento, como "Goth. Identity, Style and Subculture" de Paul Hodkinson.
Mas há vários estilos literários apreciados por seus integrantes, entre eles, no Horror Gótico (Horace WalpoleMary ShelleyBram Stocker, etc), Romantismo (William BlakeLord ByronEdgar Allan Poe, etc) a poesia Simbolista/Decadentista (Charles BaudelaireT.S. Eliot,RimbaudOscar Wilde, etc) o romance Existencialista (CamusSartre, etc), Literatura Beat (GinsbergWilliam Burroughs), entre outros.
Dessa forma, essa cultura fez releituras ou sátiras do Horror Gótioa. Essa literatura também serviu de tema para movimentos artísticos anteriores, que influenciaram a cultura estética dos anos 1980, como por exemplo o Expressionismo.
Na literatura brasileira, os autores mais respeitados por integrantes da sub-cultura gótica são: Augusto dos AnjosÁlvares de AzevedoCruz e Sousa e Alphonsus de Guimarães. Dentro da literatura portuguesa os autores mais respeitados são Eça de QueirósFernando Pessoa,Lima de FreitasCamilo PessanhaFlorbela EspancaDavid SoaresMário de Sá Carneiro entre outros.
  • Fonte: Dicionário de Português
subcultura (sub- + cultura) s. f. 1. Cultura obtida a partir de outra. 2. Grupo de pessoas com características específicas que criam ou pretendem criar uma subdivisão cultural.
cultura s. f. 1. Ato, arte, modo de cultivar. 2. Lavoura. 3. Conjunto das operações necessárias para que a terra produza. 4. Vegetal cultivado. 5. Meio de conservar, aumentar e utilizar certos produtos naturais. 6. Fig. Aplicação do espírito a (determinado estudo ou trabalho intelectual). 7. Instrução, saber, estudo. 8. Apuro; perfeição; cuidado.
Assim sendo, os góticos são uma sub-cultura, pois não apareceram de outra nem tão pouco criaram ou tentam criar uma subdivisão, é simplesmente uma sub-cultura como qualquer outra, tem suas origens fundamentadas em ideais, seja a arte (dança, música, pintura e teatro), a escrita, a filosofia, dentre outras.

[editar]Religião e simbolismo

subcultura Gótico/Darkwave é uma subcultura laica, ou seja, é neutra à qualquer religião. É comum pessoas de fora da subculturapensarem que os góticos estão diretamente ligados à esoterismoanticristianismo e paganismo, sendo tal afirmação uma idéia equivocada. Isso quer dizer que cada indivíduo da subcultura Gótica é livre para seguir a religião que melhor lhes forem conveniente, seja ela teísta ou mesmo não seguindo nenhuma religião.
Os tidos wannabes - Uma gíria entre pessoas da sub-cultura gótica, que em sua semântica refere-se a um determinado sujeito novo, curioso e, mais diretamente, que "quer 'ser'" parte da mesma - Geralmente seguem à risca presunçosa e equivocada em denominarem aos outros pertencentes a ela apenas como Wiccas, Pagãos ou satânicos, sendo estes, como mencionado inicialmente, livres de qualquer doutrina ouSociedade Secreta.
Algum recurso de preâmbulo religioso é utilizado como temática, para músicas ou estética. Um crucifixo, por exemplo, pode, teatralmente, simbolizar a tortura (Crucio = tortura), pois a cruz foi cunhada em Roma, como instrumento para tal, antes mesmo do nascimento de Cristo. Simbolicamente no sentido de estética não vem totalmente ligado à música, as vestes góticas vieram de acordo com a ideologia a que ele pertence.

[editar]Um resumo dos beats dos anos 40 aos góticos dos anos 80

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As verdadeiras raízes da subcultura gótica podem ser achadas inicialmente nos anos 40\50 na cultura beat.
Os beats eram pessoas com gosto pelo que outrora fora conhecido como cabaré (na época dos grandes artistas e pensadores franceses), ou seja, ambientes boêmios, onde conversavam, bebiam, fumavam, apreciavam saraus e ouviam boa música (jazz underground e posteriormenterock). Tudo excessivamente. Tanto que os óculos escuros foram adotados ao estereótipo Beat, junto com as roupas predominantemente escuras e boina preta, por causa da fumaça.
Os cabelos eram compridos (porém mais curtos que os dos Hippies) e e eram comuns um tipo de cavanhaque bem aparado em linha ao longo do queixo. Nos Estados Unidos o movimento se tornou menos "intelectualizado", e mais junkie e desleixado. O primeiro uso do termo "Beat" ou "Beat generation" teria sido feito por Jack Kerouac no final dos anos 1940. Mas o termo só se popularizaria nos anos 50. Passou também a ser um movimento pop e "comercializável" de 57 a 61. Mas suas origens remontam ao underground dos cafés parisienses do pós-guerra. Daí vem o termo "estudante de arte existencialista e parisiense" para a postura Beat.
O Termo "Beatnik" foi cunhado pela imprensa, misturando Beat a Sputnik ( primeiro satélite russo no espaço sideral ). Os Beatniks nos 60's eram mais apolíticos ( e/ou pacifistas ), existencialistas, cool, sua poesia e música contemplava tanto o lado obscuro quanto hedonista e urbano da boemia. Porém o que era um movimento underground acabou em decadência com sua comercialização. Da diluição desse movimento surgiram talvez outros dois, o hippie e o punk]beat, ou glam punk.
Os Hippies formaram movimento politizado, expressivo (not cool), de visual colorido e cabelos muito longos. A parte do Beat que permaneceu no Hippie foi a religiosidade alternativa, muitas vezes orientalista, o "alternativismo", e alguns estilos musicais. Isso é bem o estilo de artistas que conhecemos muito bem, como Jimi Hendrix, porém não fazia a cara de outros como Iggy Pop. Uma parte dos Beats, claro, não se tornou Hippie, por discordar de suas tendências, e seguiu outros caminhos.
Logo, surge esse outro lado da ramificação temos a explosão do Glam e Glam punk. Com temáticas e abordagens mais profundas, líricas e adultas. Podemos então citar o Velvet Underground em Nova Iorque, os Stooges em Detroit e o The Doors em Los Angeles. O Velvet Underground glamouriza o decadentismo urbano, sem esperanças e floreios, para cena pop. Em 1970, surge em Nova Iorque o grupo New York Dolls com um rock crú e simples, em performances bombásticas travestidos de mulheres. "Ora, se as mulheres conquistaram o direito de se vestirem como homens, por que não?"
A temática chamou a atenção de David Bowie que a levou para o outro lado do atlântico. Junto a Marc Bolan do T-Rex, e o Roxy Music deBrian Eno e Bryan Ferry, Bowie se tornou referência mundial do Glam rock.
A abordagem do Glam Rock era basicamente o esteticismo e dandismo de Oscar Wilde e Baudelaire atualizado para os anos 70. A decadência do homem e da sociedade urbana e suas perversões hedonistas, a artificialidade, o pré-moldado, o poserismo, enfim decadence avec elegance (decadência com elegância). Dizer que Glam rock é apenas cores e purpurina é tão superficial quanto dizer que o Gótico é se vestir de preto.
A temática do Glam trazia através de músicas brilhantes (tanto em letra como melodia) a melancolia da condição humana e de temas soturnos, basta ver suas traduções. Mesmo esteticamente o Glam preservava um lado noir (sombrio). Algumas bandas como Bauhaus eSpecimen, que deram origem a música gótica, não se diferenciam em quase nada das bandas incluídas no glam rock quanto à sua sonoridade. A atitude do Glam de androginia era mais do que Rockers durões, Mods (uma variante dos beats cuja diluição daria origem aosskinheads do lado mais durão e na evolução continua a transição para o Glam rock) e os Hippies conservadores estavam preparados. Era uma inversão. Além do mais naquela época nem se via mais o que fazer em termos de psicodelia, foi quando o Glam chegou e virou a cabeça de adolescentes que queriam também se vestir iguais aos seus ídolos. E a influência beat permanecia viva através do Glam.
Tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra, conceitos e estéticas Beats permaneceram ao longo do Glam e dos anos 70. O rótulo "Punk" foi dado ao movimento rock que tinha, em resposta ao rock progressivo, músicas simples em execução, mas com temas sociais importantes. Bandas experimentais, contra a música comercial das grandes gravadoras, uma geração crítica em relação à arte e consumo de sua época, interessada em questões existenciais foram consideradas Punks antes de 77. Exemplos: Talking Heads e o Patti Smith Group. Mas em 78 o termo caía em decadência já era considerado um clichê gasto e distorcido pelo sucesso de 77. O diretor da gravadora Sire Records, Seymour Stein, considerou que estas bandas tinham o mesmo feeling dos filmes do movimento cinematográfica francês de características Noir (obscura) e contra-culturais chamado "Nouvelle Vague" (New Wave, em Inglês, Neue Welle, em alemão).
Assim New wave e Pós-punk (Póstumo ao punk) seriam os termos usados para classificar estas bandas originalmente chamadas de punk antes que o termo "punk" atingisse o fim de seu auge. Simultaneamente algumas destas bandas são afiliadas a sub-cultura Gótica. Na verdade com o tempo, o termo New Wave passou a ser utilizado para as bandas mais pops e Pós-Punk, para as mais underground. Ainda então, bandas da sub-cultura Gótica eram classificadas de ambas as formas. Mas posteriormente deixou-se o new wave para bandas com um visual mais colorido e para as bandas que adotaram um tendência mais sombrias acabou-se por usar o termo pejorativo gótico, que acabou pegando.
Toda a Estética Gótica inicial vai ser uma mistura Glam (androginia, poesia urbana e maldita, maquiagens pesadas, sonoridade rock básica, dandismo, etc), que também foram reforçados por uma influência do movimento new romantic dos anos 80, e a cultura Beat (poesia urbana e maldita, existencialismo e espiritualidade difusa, roupas escuras, acid rockcooljazz-rockpsicodelia, etc), ora tendo uma sonoridade mais pós punk, outra mais new wave. O termo foi usado durante a década de oitenta e na década de noventa também convencionou-se tirar o new e usar dark, dessa forma: Darkwave

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